quinta-feira, 21 de julho de 2005

Cabo de São Vicente - 21 de Julho de 1337


Ano MCCCXXXVI ...

Sou criado de D. Afonso IV de Portugal, vivo no palácio ... acompanho todos os casos do reino, não sou consultor, não dou conselhos ... mas estou a par de todas as conversas de corredor.

A Menina Maria casou com o Rei Afonso XI de Castela, mas não é feliz, o Castelhano despreza a nossa Princesa, são tantos os desagrados que o nosso Rei está disposto a tudo ...

Por um destes dias chegou um mensageiro, vindo directamente de Castela, mais um desagrado e D. Afonso IV não aguentou mais ... Declarou Guerra a Castela.

A nossa armada já está a caminho, ouvi o nosso ministro da guerra, são 20 galés e algumas naus ... as hostilidades estão abertas, vamos atacar pela Andaluzia...

Parece que o ataque falhou, as tentativas de desembarque saíram furadas, a nossa armada voltou às águas calmas do Tejo ... não tão calmas como isso as águas a caminho de Lisboa, já que o temporal que se faz sentir não ajuda às manobras de viagem ...

Parece que não fomos os únicos a sofrer, a armada Castelhana vinha a caminho para retaliar dispersou por causa do mau tempo, parece que ficou com grandes avarias ... DEUS é grande.

Passou-se 6 meses, o Inverno já lá vai, e eu ouvi dizer que vamos atacar forte ... 30 galés, e quem vai no leme é o Almirante Pessanha.

O confronto vai ser forte, parece que saiu de Castela a Armada do prestigioso Almirante D. Afonso Jofre Tenório, vem para nos atacar ... 40 galés ... eles estão mais fortes...

“O tempo não ajudou à batalha, retornaram a casa, ambas as armadas e muitas galés ficaram no fundo do mar.”

21 Julho 1337 ...

As frotas estiveram em arranjos e assim se passou a primavera, as galés estão no mar, Portugal 20, Castela 30...

Ouvi relatos da batalha...

“Parece que as armadas encontraram-se, a norte do Cabo de São Vicente ... Portugal atacou primeiro e destruiu 9 das galés Castelhanas, estivemos por momentos em igualdade ... mas o vento não esteve do nosso lado, o vento de sudueste deu-lhes a possibilidade de abalroar e aferrar algumas das nossas galés ... fomos agredidos com pedras, barras de ferro, setas, virotões, etc. ... Canalha, o castelhano voltou a usar a sua técnica, estavam a ganhar, nem as nossas naus poderam ir em seu auxilio ... o vento esteve contra nós.

Estivemos em dificuldades, perdemos algumas galés, umas ficaram no fundo do mar outras nas mãos dos castelhanos.

A nossa Capitania foi aferrada de ambos os lados por galés castelhanas, a luta prolongou-se e conseguiram derrubar o nosso estandarte real ... o Almirante Pessanha e o seu filho foram preso.

Perdemos... 8 galés foram tomadas e 6 foram afundadas ... as restantes fugiram ... estão a caminho de Portugal”

Perdemos as galés e estas foram levadas para Sevilha, saímos derrotados... o Rei saiu, foi até Castela, foi pessoalmente felicitar o Almirante Tenório e os seus Homens pela grande vitória.

Mas que Rei tão fraco o nosso, felicitar os vencedores enquanto os nossos irmãos de sangue, os nossos bravos lutadores eram obrigados a desfilar pelas ruas de Sevilha como se fossem gado comprado de cangas ao pescoço ... lutar pela honra da nossa princesa e nem ser reconhecido pelo Rei...

Rei fraco, que vê a sua bandeira a bandeira do seu povo pilhada da Galé e exposta na Igreja de Santa Maria.

Estou triste por servir a este homem ... uma pesada derrota, sangue de Portugal espalhado ao largo do Cabo de São Vicente e a ordem Papal de tréguas de 1 ano ...

1339 ...

Unidos, Portugal e Castela contra o inimigo comum, os Muçulmanos.

Relato inventado com base nos textos de Saturnino Monteiro

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