terça-feira, 10 de janeiro de 2006

O Ponto

É importante estar vivo, é importante conseguir viver as alegrias associadas a um bem estar, como o amor, sem ter de pensar em coisas tristes...

O amor correspondido dá as maiores alegrias, mas consegue provocar as maiores dores no peito que se consegue sentir, como é bom viver só as coisas boas e deixar as menos boas fluírem para longe.

Era tão bom não se sentir ciúme, não se ter medo de perder a outra pessoa, não ter de estar sempre a pensar:

Onde está?
Com quem está?
O que está a fazer?


Todas estas perguntas que nos forçamos a fazer mesmo quando não queremos, um momento de espera pode ser um momento de angustia, uma incerteza sobre a realidade mesmo quando se tem a certeza que essa realidade, que estamos a construir na nossa cabeça, não passa de uma ilusão criada pela imaginação e pela insegurança.

É tão triste viver nesta angustia. Mas ao mesmo tempo pensa-se e diz-se é tudo história da tua cabeça e passa ... mas por pouco, pois logo de seguida já se tem um novo projecto mental bem mais elaborado que dá uma ênfase de filme romântico com traição à mistura, e por mais que se volte a pensar que tudo é obra da imaginação, eis que vem outra história, ainda mais bem elaborada e que leva o/a nosso/a parceiro/a a ser um vilão dos mais perversos capazes de inventar qualquer história num ápice de segundos e fingir que não se passa nada e que está tudo bem ...

...vida triste esta das pessoas que não conseguem distinguir a realidade de uma vida normal, a do/a companheiro/a, da vida imaginada nas suas cabeças ... mas a realidade é que por mais que lutem contra este estigma, acabam sempre por pescar com a sua imensa sabedoria a história de novo ... e com um novo requinte de malvadez.

Tudo isto acontece porque é mais fácil entender que o outro nos possa trair, do que a nossa cabeça nos trair.


“A minha cabeça não me pode estar a enganar, ela é minha pensa comigo, pensa por mim” ... sentir uma traição vinda de nós próprios dói muito mais que uma traição vinda do outro ... então sentimo-nos de volta a tentar encontrar falhas, pequenos pontos para nos dar razão e sentir que não nos estamos a trair a nós próprios.

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