segunda-feira, 19 de novembro de 2007

VIH - Tabu ou discriminação?



Estava a ler a notícia que um cozinheiro portador do vírus VIH foi dispensado do hotel que trabalhava há cerca de 7 anos, por ser considerado em tribunal um perigo para a saúde pública, alegando que este "vírus existe no sangue, saliva, suor e lágrimas, podendo ser transmitido no caso de haver derrame de alguns destes fluidos sobre alimentos servidos ou consumidores por quem tenha na boca uma ferida"

Em 2002, este cozinheiro adoeceu com tuberculose, esteve um ano de atestado médico e quando regressou ao trabalho foi enviado à medicina do trabalho do hotel que pediu ao médico assistente mais informações sobre a situação clínica.

O médico assistente informou o colega da medicina do trabalho que o cozinheiro era VIH positivo, mas que não representava qualquer perigo para a sua actividade profissional, no entanto o médico da medicina do trabalho considerou-o «inapto definitivamente para a profissão de cozinheiro».

O certo é que este funcionário foi despedido embora o hotel afirme que nunca teve conhecimento de que o cozinheiro era portador de VIH antes do julgamento, alegando mesmo que o funcionário devia ter informado que é portador deste vírus, o que não aconteceu, «violando o dever de lealdade».

Por outro lado, A Ordem dos Médicos recorda que, eticamente, os médicos do trabalho estão impedidos de comunicar qualquer caso de VIH à entidade patronal do infectado, O segredo profissional prevalece sobre tudo o resto. "O médico do trabalho não pode jamais comunicar qualquer caso»

Perante isto, não acho nada justo e considero discriminação, por parte do hotel ter despedido este funcionário desta maneira! Até porque este cozinheiro podia perfeitamente exercer outras funções que não colocasse em risco a saúde pública. Embora que com os devidos cuidados, não exista perigo! Mas como infelizmente ainda vêem esta doença como uma coisa que se transmite só com o olhar, as empresas têm este tipo de atitudes.

Eu concordo com a ética profissional dos médicos e penso que neste caso não existiu. Por outro lado, acho que o funcionário devia ter comunicado ao hotel, mas provavelmente não teria adiantado nada e as coisas teriam seguido o mesmo rumo.
E vocês, qual é a vossa opinião disto tudo?

14 comentários:

Célia disse...

Não é fácil opinar. Eu acho que devem ser dadas todas as oportunidade às pessoas que tenham sida, mas é a tal história... A nossa liberdade acaba quando começa a dos outros. Penso existir algum risco de transmissão da doença na profissão de cozinheiro, mas como dizes podiam perfeitamente ter arranjado outro emprego ao senhor. Quanto ao sigilo dos médicos... é outra questão bicuda e sinceramente acho que tem de se avaliar caso a caso.

Cristina disse...

Sinceramente, é um caso difícil de analisar. Acho que é indecente o que lhe fizeram, mas, por outro lado, é uma profissão (p lidar com facas, por exemplo) perigosa para as outras pessoas. Podiam-lhe ter conseguido um trabalho na mesma área, mas que fosse mais resguardado. Se o hotel soube por causa da falta de sigilo dos médicos, então o cozinheiro tem todo o direito de exigir uma indemnização. As coisas não se podem ver só no preto e branco...

Corduroy disse...

Eu estive agora msm a ver essa noticia no jornal da tarde e sem dúvida que é um caso bicudo de analisar, mas no entanto, está em caso a saúde pública, e a profissão desse senhor envolve facas... o que por mais cuidado se possa ter, por vezes os acasos acontecem, e o k o Hotel fez foi salvaguardar a saúde de quem por lá passa e come... e o seu nome tb. Mas claro, k o Hotel podia ter feito isto de outra forma, que não a de despedir o senhor, e inseri-lo numa outra função que não a de cozinheiro.

Unknown disse...

nao é facil nao falar sobre isto... mas acho que fez mal em nao falar com a gerençia..
á sonhos que nao podemos ter pois nao é o unico tipo de trabaho que existe e..é um trabalho perigoso acho eu...
mas quem sou eu para dizer algo né??
acho que toda a gente mereçe ser feliz..
jokas fofas

Paulo disse...

Faz lembrar a história do Médico Cirurgião num qualquer Hospital de Lisboa...
Infelizmente, o exercício de algumas profissões (como são o caso do cozinheiro e do médico cirurgião) são incompatíveis com o ser portador dessa maldita doença.
Agora, não há necessidade de despedir ninguém. Dentro do mesmo espaço pode e deve-se encontrar uma solução para a pessoa em causa, sem a privar dos seus direitos e sem a discriminar.
Sinceramente, eu não gostava de ser operado por um médico portador do VIH ou de comer comida confeccionada por um cozinheiro portador do VIH.
Mas também não gostava (nem gosto) de ver essas pessoas discriminadas! E acho que se pode sempre resolver as questões.

Paulo disse...

Faz lembrar a história do Médico Cirurgião num qualquer Hospital de Lisboa...
Infelizmente, o exercício de algumas profissões (como são o caso do cozinheiro e do médico cirurgião) são incompatíveis com o ser portador dessa maldita doença.
Agora, não há necessidade de despedir ninguém. Dentro do mesmo espaço pode e deve-se encontrar uma solução para a pessoa em causa, sem a privar dos seus direitos e sem a discriminar.
Sinceramente, eu não gostava de ser operado por um médico portador do VIH ou de comer comida confeccionada por um cozinheiro portador do VIH.
Mas também não gostava (nem gosto) de ver essas pessoas discriminadas! E acho que se pode sempre resolver as questões.

Lucy disse...

Nao é um assunto facil de ser tratado nem de ter opniao formada sobre ele, acho que há pouca informaçao para uma doença que ainda nao tem cura... beijooo!

Marisa disse...

Ouvi essa notica hoje de manha e fez logo lembrar um filme muito polémico com o tom hanks "philadelphia", a única diferença é que no filme se fala de um advogado e aqui de um cozinheiro.
É dificil estabelecer uma lado a defender aqui porque o senhor em questão trabalha numa cozinha e ha sempre hipotese de cortes e assim. Por outro lado é vergonhoso descriminarem-no por causa da doença. Podiam ter-lhe oferecido um posto de trabalho diferente no hotel.

Ana disse...

Acho que não era necessário despedir a pessoa!!! Se achavam que havia a possibilidade de ele transmitir o virus haveria sempre um outro cargo que ele poderia desempenhar onde isso não aconteceria!!
Tem uma doença cruel mas tem o direito a trabalhar enquanto tiver forças para não depender de terceiros!

caditonuno disse...

só sei que se ele é discriminado, todos nós o podemos ser também. é pena deitarem pessoas fora. a profissao envolve alguns riscos, mas nao se despede assim uma pessoa. nem uma indemnizaçao lhe deram??? e que tal uma nova oportunidade noutro sítio a fazer outra coisa, um trabalho mais de secretária ou que nao envolva riscos desnecessários? infelizmente muita coisa ainda vai mal neste mundo...

Andreia disse...

Eu também acho que as pessoas não devem ser discriminadas.

Å®t Øf £övë disse...

Lua,
Aquilo que eu acho é que provavelmente o hotel esteve preocupado por o cozinheiro ter HIV, mas se a ASAE lá entrasse, o mais certo era fecharem o restaurante do hotel por mil e um outros motivos.
Normalmente as pessoas preocupam-se com os pormenores, e esquecem-se dos pormaiores.
Pura hipocrisia.
Bjs.

Urban Cat disse...

Hum...não sei bem o que dizer.

Compreendo que não se deve discriminar minguem mas considero que a profissão em si exige algum zelo. Imagina, se de facto ele se cortasse…não sabemos qual seria a postura dele. Imagina que um de nós indo a esse restaurante tinha o azar de ser contagiado por uma falha de higiene por parte do cozinheiro que levando o seu sangue a entrar em contacto com o nosso (e o exemplo da ferida na boca está bem visto) e pumba, sem meios modos contraímos a doença.
Parece-me uma situação particular sobre a que podemos opinar mas talvez nunca seremos o suficientemente justos.

Acho que o cozinheiro devia ter melhor destino, sem dúvida.
Quem sabe arranjar um outro trabalho no mesmo ramo.

Não sei…é apenas uma opinião

Beijos grandes e boa semana.

Belzebu disse...

Esta é uma daquelas questões que nos fazem pensar muito bem, antes de emitir uma opinião! Pelos dados tornados públicos por entendidos na matéria, em termos de saúde pública, este funcionário não constitui uma ameaça! Sendo assim, o seu posto de trabalho tem que ser protegido, sem contemplações!
Caso subsistam dúvidas, o que é sempre legítimo, ele nunca poderá ser despedido, mas sim reintegrado noutras funções, dentro da mesma área, até que haja uma decisão definitiva!

Aquele abraço infernal!