terça-feira, 21 de março de 2006

Estranha forma de vida!


"Monologo de um Cangalheiro Sexual"
Sou sonhador, no entanto sou o final de longas viagens de vida ... insisto em procurar a felicidade, mas pelos caminhos mais dificeis.
O meu nome é Golias, deram-me este nome por causa do tamanho que já tinha à nascença, 60 cm e 6 Kg de peso, escusado será dizer que a morte me acompanha desde a nascença, afinal a minha mãe não suportou a agonia do meu nascimento.
O meu pai nunca me disse, mas penso que nunca me desculpou pela morte da minha mãe. Também era difícil dizer, uma vez que eu não tinha 15 dias e ele já tinha fugido com a costureira lá da aldeia, penso que foi o desgosto e que nada teve a ver com o caso que ele mantinha com ela há mais de 15 anos.
A minha mãe sempre foi uma boa mulher para o meu pai, e ele um bom marido, pelo que a minha avó me conta era um homem muito certo nas suas ideias e nos seus costumes, todos os dias chegava a casa à mesma hora, perto da uma da manhã e sempre bêbado ... ainda assim fazia questão de dar as boas noites à minha mãe, acordava-a de propósito só para lhe bater, era um querido e a minha mãe aceitava sempre com lágrimas de alegria. Como devia ser boa a vida deles ...
Eu sou o culpado pela morte da minha mãe e nunca me vou desculpar, hoje sei que tenho mais 3 irmãos, todos filhos da costureira ... Alice é o nome dela, mas o meu pai com ela nunca mais foi o mesmo homem ... deixou de beber e nunca lhe bateu ... penso que nunca esqueceu a minha mãe pois não demonstra o mesmo amor, nunca lhe bate o que monstra uma certa falta de afinidade.
Eu fui o único filho da minha mãe, ao que parece pelo que a minha avó me contou, fui feito no meio de muito amor, pois a minha avó chora, de saudades penso eu, e com uma voz estranha quando conta que no dia em que fui concebido o meu pai tinha bebido um pouco mais do que o costume e no meio da troca de mimos, embora a minha avó diga pancadaria, ele acabou por forçar a minha mãe às relações ... o meu pai era um homem de convicções.
Eu tenho 37 anos, e nunca tive uma relação duradoura, tive algumas namoradas, mas estas nunca aceitaram, não sei porquê, a minha demonstração de amor, sou exactamente como o meu pai, mas elas não são mulheres sérias, preferem os homens que não as amam.
Na vida apenas convivi com 5 pessoas com quem tive experiências sexuais, o engraçado é que a primeira não foi com uma mulher, foi com um vizinho, fazendeiro que morava na quinta mais chique da aldeia ... ele tinha mulher mas acho que no meio da sua vida teve uma grande paixão por mim, afinal forçava-me como o meu pai fazia à minha mãe, a principio era doloroso, e mesmo quando se tornou bom, continuei a resistir afinal eu também aprendi a ama-lo, tinha apenas 12 anos.
Quando contei à minha avó ela falou como o Sr da guarda e este prendeu-o, sei que foi torturado pelos guardas e que mais tarde foi amante de vários Homens na prisão, foi o meu primeiro desgosto ... traiu-me com quase todos os homens da cadeia, a partir desse dia deixei de confiar nos homens e nunca mais confiei na minha avó, afinal foi ela a culpada da minha desgraça.
A segunda experiência foi com a filha da D. Marquinhas, mas era uma jovem pouco honrada, namoramos durante 1 dias e quando consuma-mos o acto sexual, ela pediu-me 5 contos ... não era mulher para mim, afinal ainda não éramos casados e ela já me estava a pedir dinheiro e depois não tive de forçar a relação ... estranha aquela moça .
Tornei-me cangalheiro, e nunca mais quis ter mulher ... dando tudo ao meu trabalho.
Ouvi muitas estórias que me eram contadas, durante os funerais, homens e mulheres que choraram e desabafaram comigo as suas experiências de vida com os falecidos.
Eu penso que estes não deviam ser felizes, afinal enquanto falavam dos que partiram choravam e berravam, isso demonstra um pouco o sofrimento que tiveram de suportar.
Por exemplo o Manuel morreu à 6 anos, Josefa, a mulher, no funeral estava num pranto chorava e gritava que ele nunca lhe tinha batido, realmente compreendo a sua dor, afinal não tinha existido amor entre os dois.
Apesar de eu nunca mais ter tido interesse no amor, a Josefa sempre foi uma grande paixão que tive desde os 25 anos, cheguei a lutar com o Manuel por causa dela, bati-lhe tanto que ele foi parar ao Hospital de Vila Franca, partilhe os dois braços e duas costelas, uma delas até perfurou o pulmão.
Eu não fiquei com ela, apesar de ter demonstrado que era o macho mais forte, mas em compensação ele nunca lhe pode bater, eu sei que foi por isso ela chorou tanto no funeral, afinal ele nunca nunca lhe pode demonstrar o seu pleno amor.
3 dias depois do funeral cruzei-me com a Josefa, ela estava ainda triste ... eu apresentei o meu ponto de vista sobre a vida dela, disse-lhe que tinha, ainda, uma grande paixão por ela, naquele momento eu senti que ela também tinha por mim pois quando a forcei para ter relações ela resistiu, mostrou-me o seu amor e eu fui até ao fim.
Nunca mais tivemos nada, e ela nunca mais me quis falar apesar de eu ter tentado mais 2 ou 3 vezes, penso que por ser viuva e por ter medo das bocas da Aldeia, que conseguem ser muito cruéis ... mas dessas vezes senti que ela também me amava, pois forcei a relação e ela resistiu de todas as vezes.
4 meses depois fiz o funeral mais triste da minha vida, afinal a Josefa decidiu abandonar-me, suicidou-se, ouvi dizer que estava grávida ... deve ter sido com medo da reacção das pessoas da aldeia. O meu filho ...
Com todas estas vivências tornei-me um homem mais seguro, mas tive de fugir da aldeia e abandonar o trabalho que sempre amei, pois a filha do padeiro Joaquim, apesar de ter demonstrado o amor como todas as outras e como o demonstrei ao Ricardo (Fazendeiro), foi à Policia dizer que lhe tinha feito mal ... Eu sei que ela gostou por isso só demonstrou ser mentirosa e mal intencionada, enfim, deve ter sido mal aconselhada pelo António Alberto, o rapaz que andava atras dela.
Enquanto fugi fiquei escondido num seminário perto de Lisboa, e ai conheci o Prior Godofreso, um Espanhol bem falante e com pose de Papa, cativou-me com os seus sermões.
Um dia, em conversa, convidou-me para falar com deus, colocou a sua "pila santa", como ele lhe chamou, para fora e disse que aquele era o caminha mais directo para chegar a deus, sem amor pela primeira vez entreguei-me sem resistir, penso que o Padre notou que não nutria qualquer sentimento por ele, já que não lhe resisti.
Mas no final de tudo ele disse que eu era uma grande bicha e que tinha encontrado as portas do inferno, fiquei irado e aproveitando os meus 1m97cm e cerca 110 kg de peso, peguei na cadeira que me estava próxima e espanquei-o até à morte.
A verdade é que hoje a policia me apanhou e agora estou preso, em tribunal fui acusado de "violação" seja lá o que isso for, e por não saber não me pude defender. Apanhei 8 anos e por ter morto o Padre, 20 anos é o que me espera.
Mas nem tudo foi mau, afinal, reencontrei o Ricardo, está mais velho mas o amor renasceu ... embora ele já não me procure, mas também os presos já não lhe tocam.

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